Jornadas Setoriais do CBCS capacitam fabricantes de materiais de construção para um futuro de baixo carbono

A construção civil está entre os grandes responsáveis pelos impactos ambientais, devido às altas emissões de dióxido de carbono (CO₂) e ao elevado consumo de recursos naturais e energéticos. O destaque é o cimento, material de construção mais usado no mundo e cuja produção representou de 7% a 8% das emissões de CO₂ causadas por atividades humanas no mundo em 2020 (GCCA – Global Cement and Concrete Association, 2023). A redução dessas emissões passa pela adoção de uma série de medidas, em diferentes etapas da produção – as quais são identificadas durante as Jornadas Setoriais de Baixo Carbono – metodologia desenvolvida pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) para capacitar e apoiar os fabricantes neste caminho rumo à descarbonização. A primeira Jornada Setorial de Baixo Carbono foi concebida pelo CBCS em 2014, aperfeiçoada e realizada novamente em 2024, estando agora pronta para ser replicada nos diversos setores de produtos de construção.

“As Jornadas visam preparar os diversos agentes da cadeia produtiva da construção civil brasileira para permanecerem competitivos no novo cenário de economia de baixo carbono”, explica Clarice Degani, diretora executiva do CBCS. Os atores-chave das Jornadas são as empresas fabricantes de materiais e componentes da construção: cimenteiras, siderúrgicas, centrais dosadoras de concreto, fabricantes de blocos cerâmicos e de concreto, elementos pré-fabricados,  madeira, entre outros, impulsionados por suas entidades. 

Os fabricantes de blocos de concreto e peças de concreto para pavimentação já estão em uma jornada de baixo carbono desde 2014, tendo reforçado seu compromisso em maio de 2024, quando foi assinado o termo de cooperação do CBCS com as entidades representativas do setor: Associação Bloco Brasil, Sinaprocim – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos de Cimento e Sinprocim – Sindicato da Indústria de Produtos de Cimento do Estado de SP e ABCP, Associação Brasileira de Cimento Portland. No total, 26 empresas fabricantes de blocos e peças de concreto para pavimentação iniciaram os trabalhos sob o método das Jornadas Setoriais de Baixo Carbono e já possuem seus inventários de consumo de energia e emissão de CO₂ específicos e irão, em breve, ter publicado o benchmark setorial atualizado para o segmento.


Das Avaliações do Ciclo de Vida ao benchmark setorial 

Durante as Jornadas, os participantes aprendem a coletar as informações necessárias para a composição de seus inventários ambientais, de modo que possam analisá-las, sob diversas perspectivas. Com base nos indicadores individuais e, sobretudo, nos resultados do processo de benchmarking setorial, identificam as ações capazes de contribuir para a redução do consumo de energia e das emissões de carbono

O primeiro passo  é o levantamento de dados a partir das Avaliações do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos da construção. “Somente com a identificação e mensuração dos aspectos ambientais é possível definir as estratégias de mitigação e descarbonização, as quais podem ser aplicadas tanto na escolha das matérias-prima quanto dos meios de transporte e processos fabris”, enfatiza Clarice Degani. Segundo ela, a falta de informações primárias, robustas e nacionais fragiliza a tomada de decisão, deixando o setor sem encaminhamento claro para ações mais efetivas.

Uma poderosa ferramenta on-line auxilia os fabricantes brasileiros para o cálculo da pegada ambiental dos materiais de construção: o Sistema de Informação do Desempenho Ambiental da Construção (Sidac), desenvolvido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e operado pelo CBCS com recursos do PAR-Procel, por meio de convênio firmado com a ENBPar. De forma acessível e gratuita, o Sidac simplifica o processo de inventário para emissão das Declarações de Desempenho Ambiental de Produto (dDAPs), mantendo a base científica-metodológica da ACV.

As Jornadas Setoriais do CBCS estão associadas ao Sidac por utilizar sua base de dados genéricos e o método de cálculo dos indicadores. Elas também capacitam os fabricantes a submeter  os inventários necessários ao processo de emissão de dDAPs e vão além, uma vez que promovem um processo de aprendizagem contínua e coletiva, realizando estudos detalhados de cada setor e contribuindo para a elaboração de estratégias e metas de descarbonização da construção no Brasil. “A conscientização do setor é o primeiro passo para o início das Jornadas. Nessa fase, é essencial que as empresas tomem conhecimento da relação entre suas atividades e a crise climática”, frisa Clarice.

No processo, as Jornadas Setoriais de Baixo Carbono preveem:

  • capacitação de fabricantes para realização de inventários simplificados do desempenho ambiental de seus produtos e emissão de dDAPs; 
  • desenvolvimento de ferramentas customizadas para facilitar a coleta de dados nas fábricas e a realização dos inventários;
  • desenvolvimento dos benchmarks setoriais; e 
  • apoio na elaboração de metas e estratégias de descarbonização.

 

Na figura, as etapas das Jornadas Setoriais de Baixo Carbono:

 

Como participar
Os setores interessados em participar das Jornadas Setoriais de Baixo Carbono do CBCS podem enviar um e-mail para secretaria@cbcs.org.br com o assunto JORNADA SETORIAL DE BAIXO CARBONO.



Sobre o CBCS

O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), de âmbito nacional, criada em 2007 como resultado da articulação entre lideranças empresariais, pesquisadores, consultores, profissionais atuantes e formadores de opinião. 

O CBCS contribui para o desenvolvimento sustentável da construção civil, por meio da produção, organização e disseminação de conhecimento, propondo políticas públicas e apoiando iniciativas do setor privado. Atua em pesquisa, articulação institucional e no desenvolvimento de ferramentas inovadoras, como o Sidac.