Identificar a existência de propaganda enganosa

 

É necessário que o cliente confirme a consistência e relevância das afirmações de eco-eficiência dos produtos e processos declarados pelos fornecedores. Mesmo produtos certificados podem levar a equívocos: qual o critério da certificação? Estes critérios são públicos? Qual a seriedade do processo?

Lembre que pequenos avanços produzidos em grande escala geram mais benefícios que grandes avanços aplicados a uma pequena parcela da produção: procure julgar a eco-eficiência global da empresa e não apenas do produto de interesse. Da mesma forma, a certificação da empresas não pode ser confundida ou aplicada a produtos.

A seguir apresentamos um roteiro para identificar a propaganda enganosa:

Disfarçar aspectos negativos do produto destacando aspectos positivos
Omissão dos problemas ambientais ou eventuais limitações de produto.

Falta de provas
O fornecedor não apresenta quaisquer documentos de terceira parte que sustentem suas afirmações e que possam ser verificados.

Imprecisão
Informações genéricas e imprecisas, que geram dúvida quanto ao real benefício ambiental do produto durante todo o seu ciclo de vida. Exemplos: "100% Reciclável" ou "Produto Reciclado": Existe... estrutura ativa de reciclagem? Qual a fração da matéria-prima que é resíduo? “Produto ecológico” ou “Produto Sustentável” sem declarar sua composição (afirmação como resinas sintéticas, cargas e aditivos não dizem muito) e demonstrar claramente quais as vantagens em relação ao concorrente.

Irrelevância
São declarações que não contribuem para informar sobre o desempenho do produto ou que anunciam como vantagens conquistas ambientais disseminadas no mercado. Em alguns casos o benefício não está associado ao principal impacto ambiental do produto. Exemplos são: tinta “fabricada com pigmentos naturais”, sendo que a resina, os voláteis e os biocidas são normalmente os principais problemas ambientais de tintas; “não contem voláteis”, para produtos cerâmicos e metálicos, que realmente não apresentam essas substâncias em sua composição; ou mesmo “reforçado com fibras vegetais”, para materiais que passam por processo de queima em elevadas temperaturas, o que leva a matéria orgânica a se decompor. São declarações ambientais que parecem ser positivas, mas na realidade não representam informações úteis ou verdadeiras.

Meias verdades
O fornecedor apresenta declarações exageradas, afirmações falsas ou apenas os resultados favoráveis. Exemplos: “Fabricado com 90% de matéria-prima reciclada” sem informar sobre a baixa durabilidade; “Produto natural” sem mencionar a presença de estabilizantes, corantes.

O menos ruim
Apresenta uma vantagem irrelevante para um produto com desempenho ou eco-eficiência baixa (ex.: inseticidas ou herbicidas orgânicos, cigarro orgânico)

 

 
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